Balanço de Janeiro

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Originalmente publicado em PokerStarsBlog.

No meu post anterior para o Blog da PokerStars referi que o meu plano para 2015 era começar a aprender Pot-Limit Omaha nas mesas da PokerStars e que iria escrever um blog post mensalmente para vos manter a par.

Janeiro chegou ao fim e está na altura de partilhar convosco a primeira parte da minha busca!

O início

Comecei por jogar nos limites médios. Duas semanas e 10K mãos depois estava a esmagar os nosebleeds! Esmaguei completamente o Ike Haxton, o Phil Galfond e esses tipos todos que têm dinheiro para jogar contra mim. Easy game!

OK, nada do parágrafo anterior é verdade. Isso poderia ser apenas parte de um sonho ou um género qualquer de gestão de banca horrível combinada com toneladas de sorte e uma ponta de alucinação! Na vida real as coisas são um pouco mais lentas, por isso vamos começar de novo, desta vez de forma realística:

Os primeiros dias foram bastante duros, pois não tinha qualquer ideia do valor de cada mão, com que mãos devia abrir em cada posição, com que mãos devia dar call, 3-bets, equities, etc.

Soa-te alguma campainha? Foi como voltar aos meus primeiros dias de poker, quando me debatia para aprender os segredos do Texas Hold’em!

Estava a jogar micro-limites, $0,01/$0,02 e a ser completamente dominado. Cada vez que tinha o nuts e fazia raise, eles foldavam. Cada vez que dava call a alguém sem ter o nuts, eles tinham o nuts. Que pesadelo!

Nesse momento, comecei por aprender os princípios mais básicos, tentar perceber como funcionam as mãos em Pot Limit Omaha, o que esperar de uma mão pós-flop e com que mãos podemos abrir em cada posição.

Li um livro que tinha na minha prateleira chamado “Pot Limit Omaha: Understanding Winning Play” de William Jockusch. Para ser sincero, nunca tinha ouvido falar deste autor, mas ele aborda as bases bastante bem no seu livro, por isso, até ter mais experiência em livros de PLO, recomendo este, sem dúvida.

Além disso, sempre que tinha dúvidas como “devo abrir KK72 UTG?” tinha dois amigos dos limites altos que trabalham comigo e foram muito simpáticos por responder-me a todas as minhas perguntas básicas. Por isso, um agradecimento especial para o Pedro “Zagalo87” Zagalo e o André “Sira Al Aziz” Santos pela paciência!

Depois de me sentir mais confortável quanto a com que mãos abrir em cada posição, comecei a assistir a alguns vídeos do Phil Galfond no seu site Run It Once e a tomar imensas notas. Estes vídeos têm imenso valor, sem dúvida!

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Algo interessante que me apercebi após alguns dias a jogar nos micros foi que a maior parte dos jogadores estavam apenas a tentar flopar o nuts para seguir com essas mãos. Não havia ninguém a dar call em todas as streets até ao river com um par, ou mesmo com dois pares que não fossem top 2. Assim, a maior parte jogavam bastante loose pré-flop, mas super tight pós-flop, o que proporciona grandes oportunidades de bluff pós-flop!

Então comecei a fazer mais bluffs! As pessoas davam-me crédito cada vez que raisava no flop, por vezes mostrando-me mesmo que conseguiam foldar dois pares sem problemas. Também me davam crédito por apenas fazer 3-bet com ases e foldavam a maior parte das vezes em flops que eram mais “amigáveis” para ases, etc.

Bons tempos em PLO2!

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Apenas joguei 4K mãos, por isso não são muitas mãos, mas fiquei com a percepção de que aquilo que muita gente diz sobre o “rake imbatível” nos micro-limites é um mito e um bom jogador pode bater o rake e ter lucro em PLO2. Estou disponível para uma aposta com um número de mãos razoável se discordares de mim!

Subi para PLO5 para ver se conseguia simplesmente aplicar a mesma estratégia, mas as pessoas jogam um pouco melhor pré-flop e os meus bluffs funcionavam muito menos vezes. Estes jogadores não gostam tanto de foldar, isso é certo. Provavelmente, preciso de um pouco mais de trabalho/mãos antes de retirar mais conclusões sobre PLO5.

Vamos espreitar os meus resultados:

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Oiço imensos Pros a dizerem que demoram X mãos para passar dos limites Y para os Z e os jogadores recreativos assumem que será igual para eles e focam-se demasiado no volume.

Os Pros nãos estão errados. Até é verdade para eles, porque eles saltam o processo de aprendizagem uma vez que já sabem como jogar e bater o formato.

No entanto, julgo que isto é contraintuitivo para a maior parte dos jogadores, incluindo eu próprio. Sempre que estou a começar a aprender nos micros, não preciso de jogar 20K mãos ou assim para tentar subir de um limite para outro. Sinto que o meu foco deve estar em melhorar todos os dias, perceber as mecânicas básicas do formato que estou a jogar e, depois, perceber como ajustar-me e adaptar-me contra jogadores muito específicos ou tipos de jogadores.

Irei jogar montes de mãos, eventualmente, mas será quando atingir limites mais altos, quando tiver estudado e melhorado muito e tiver a oportunidade de jogar contra pessoas que não trabalharam tanto como eu no seu jogo.

O Diário

Comecei a escrever um diário nos dias em que estou a trabalhar e tem sido óptimo! Escrevo-o só para mim, com montes de erros ortográficos e gramaticais – rápido e sem preocupações. Isto ajuda-me a livrar-me de alguns pensamentos e permite-me pensar noutras coisas. Também me permite voltar atrás e ver como estava a pensar ou a sentir-me num dia em particular, semana ou mês.

Se nunca experimentaste, recomendo que sempre que passares muito tempo a pensar em algo, escrevas tudo o que te passa pela cabeça e guarda-o só para ti. És capaz de ver alguns progressos!

A Rotina

Comecei esta luta no PLO por acordar todos os dias às 8:00, tomar o pequeno-almoço, alongar, correr 40 minutos, alongar novamente, tomar um duche e conduzir até ao escritório onde trabalho. Aí trabalho até às 18:00, volto para casa e depois levanto alguns pesos. Depois disso, escrevo o meu diário, janto com a minha adorável noiva e vejo algumas séries ou um filme.

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Era uma rotina bastante preenchida e ao fim de quatro dias já me sentia bastante cansado, por isso acabei por transferir a corrida para o final da tarde, para evitar tomar duche duas vezes por dia. Isso poupa-me algum tempo, pelo que posso descansar mais e ter mais tempo para trabalhar de manhã.

Já reparei que depois de correr tendo a ter um pico de energia de 30-40 minutos, por isso tenho usado essa energia extra para escrever as minhas ideias no meu diário ou para acabar de estudar o tópico desse dia. É muito fixe!

Agora está na hora de voltar à minha luta. Podes esperar pela minha próxima grande actualização deste blog em Março ou seguir-me no Twitter e no Facebook e ver os meus pensamentos e informações diárias.

Obrigado por me leres e vemo-nos nas mesas!

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